segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Notícias francesas

Quase dois ou três meses sem escrever por aqui. “Logo agora que o blog acabou de fazer um ano”, “logo agora que tantas pessoas começaram a fazer comentários”, pensava. A verdade é que abandonei o blog depois que comecei o intercâmbio.

Quando soube que ia ficar seis meses na Europa, além de todos os pensamentos comuns de um estudante como “vou conhecer um monte de países”, “vou aprender a falar outra língua” e “vou fazer um monte de amigos”, pensei também em como isso ia ser bom para o blog. Resolvi manter o ritmo normal: duas matérias por semana como sempre fiz desde 2009, quando comecei o Eu mundo afora.


(A esquerda, o jardim Le Coq. A direita... também. Oficialmente, o inverno chega só amanhã, mas muita coisa mudou desde que chegamos aqui)

Na primeira semana foi difícil, pois viajei um bocado antes de chegar na minha cidade, Clermont-Ferrand. Uma vez aqui, pensei que teria mais estrutura para escrever devido a prometida rede wi-fi da minha moradia. A primeira decepção foi saber que a internet sem fio não chegava aos quartos: para acessar o blog teria de ir ao hall da minha moradia. Parece bobagem, mas vocês não sabem a preguiça que isso dá...

Mas ok, isso não seria desculpa. No começo tudo caminhou bem. De pouco a pouco, porém, fui deixando o blog de lado. Mesmo os amigos, passei a responder menos. Não posso dizer que a culpa foi do ritmo frenético de aulas por aqui. Minhas aulas mal têm “ritmo”, quanto menos frenético. Como não tenho obrigação de fazer muitas disciplinas, optei por pegar poucas matérias e me dar mais tempo para aprender a língua francesa. Esse, sim, meu objetivo principal.

Os dias foram passando e fui conhecendo pessoas. Muitas. De todas as nacionalidades. A moradia universitária pode não ser a melhor do mundo, pode ter o banheiro fora do quarto e um travesseiro que me dá torcicolo todos os dias. Em compensação, foi a culpada por metade da nossa vida social. Nas primeiras semanas conhecemos vários franceses e pude começar a melhorar o idioma. Com o tempo, a faculdade foi nos apresentando outras pessoas. Mais alguns meses e a famosa “comunidade dos estudantes erasmus” apareceu.

Em um mês eu e minhas três intrépidas companheiras brasileiras tínhamos companhia para tudo. Todo dia alguém aparecia no nosso quarto para conversar. Os jantares eram sempre em mesas enormes, cheios de pratos. Um almoço comum entre nós contava com rostos do Brasil, França, Rússia, Espanha, Eslováquia... Os convites para uma festinha simples na casa de alguém começaram a ser mais freqüentes. As baladas, ou soirées, eram diárias. Literalmente.

Além dos dias de festa em Clermont, já nos aventuramos pelo velho continente e passamos 12 horas na estrada para curtir a Oktobeerfest, em Munique (Alemanha). Nas férias de outubro, eu e duas amigas pegamos o carro e fomos visitar o sul da França: 8 cidade em 7 dias. Num fim de semana comum, fui com um amigo espanhol para Grenoble, uma linda cidade rodeada pelos Alpes, cheios de neve. Agora, aguardamos o dia 24 para uma nova viagem: Natal em Paris, viagem à Madrid e Sevilha, réveillon em Barcelona.

O meu ritmo de vida mudou. Depois de três anos estudando e trabalhando sem parar, tive minha folga. Temos uma prova aqui, um trabalho ali, mas nada de mais. A gente brinca que Deus nos abençoou com um semestre de férias antes de entrar no mercado de trabalho.

O que não falta são histórias para contar por aqui. E prometo que vou escrever tudo, com direito a fotos e casos pessoais, mas vou admitir: agora não. Vou tirar esse um mês e meio que me resta para aproveitar muito. Viajar, conversar, rir. Em fevereiro, quando estiver de volta ao Brasil, o Eu mundo afora volta ao ritmo normal.

Leitores, mais uma vez desculpa. Optei por mergulhar dos pés a cabeça nessa experiência e, por isso, abandonei outras tantas coisas que faziam parte da minha rotina. Mas, se querem saber, foi a melhor opção. Vocês vão ver em fevereiro =]