domingo, 28 de março de 2010

Entre barracas e folhas verdes

Se você ainda não sabe o que fazer no feriado da Semana Santa, nessa próxima quinta ou sexta-feira (de acordo com a vontade do seu chefe), aqui vai uma dica: que tal acampar?

(Foto tirada desse link)

Para muitos, dormir em uma barraca sem luz espantando pernilongos é uma péssima ideia. Não ter chuveiro para tomar banho, água disponível 24 horas, fogão para cozinhar e colchão para dormir também não é um bom plano. Depois disso, acampar parece realmente péssimo. Mas não pretendo acabar com sua vontade. Pelo contrário, quero mostrar que acampar pode ser muito bacana e, as vezes, não ter nada disso.

Há três motivos principais para acampar ao invés de se hospedar em um hotel ou uma pousada. Um deles é a questão financeira: é muito mais barato montar uma barraca do que reservar um quarto de hotel. O outro motivo é o desejo de conhecer certos locais mesmo que eles não possuam infra-estrutura para receber o turista. Há muitos parques ecológicos, lagoas, roteiros de escaladas e montanhas nevadas aonde estender uma barraca é a única opção para os que desejam passar a noite por lá.

Por último (e talvez o mais importante), está a experiência. Passar a noite em uma barraca é completamente diferente de passar a noite em uma cama de hotel. A começar pela integração com o meio ambiente. Com a barraca, você está literalmente a "um pano" da natureza, da grama, das árvores e dos vagalumes (um parênteses para tentar te convencer: você já viu vagalumes? Aqueles insetos com luz na bunda? São incríveis. Com um pouco de sorte e paciência você pode vê-los). Integrar-se à natureza é uma forma de conhecer mais e respeitar mais. Afinal, quando você está em um acampamento, a natureza lhe dá quase tudo de que precisa: água, sombra, vento, comida. É impossível voltar de uma viagem como essa sem mudar pelo menos um pouquinho.

O clima entre os campistas também é algo que não se consegue em um hotel. Há uma solidariedade implícita. As pessoas conversam, trocam cumprimentos ao longo do dia, dividem informações, se ajudam em eventuais problemas, se convidam para pequenos lanches e, não raro, passam a noite conversando a toa. A possibilidade de fazer amigos em um camping é grande.
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Mas como?

Para quem ainda não abre mão de algumas regalias, saiba que há diferentes formas de acampar. O acampamento como conhecemos hoje surgiu nos Estados Unidos, no século XIX. Chamado de acampamento organizado, para se diferenciar de outros tipos de acampamentos, como o militar, ele se baseava em valores como viver em comunidade, praticar hábitos saudáveis e respeitar a natureza. No Brasil, a prática apareceu só na década de 1920.

A forma mais primitiva é o chamado acampamento selvagem, aquela aonde a pessoa vai para viver da natureza mesmo. Para isso, é só escolher um cantinho deserto com zero infra-estrutura. Aí é você quem se vira: ou leva muitos mantimentos ou procura por lá mesmo, na natureza ou em uma lojinha qualquer que pode estar a quilômetros de distância. Normalmente, quem acampa desse jeito está só de passagem. É muito comum em cenários paradisíacos diversos. Aqueles que as pessoas ou acampam ou não vão. E como alguns fazem questão de conhecer...

(Deserto ou sem ninguém - o que no fundo dá no mesmo - a pessoa dessa barraca amarela não se intimidou. Foto tirada desse link)

Para quem não quer se arriscar tanto, há locais preparados para receber as pessoas que gostam de fazer esse tipo de passeio. Esses campings têm toda infra-estrutura que você está procurando a uma taxa normalmente muuuito menor do que a que você encontra em um hotel. Para se ter uma ideia, na Serra do Cipó, onde vou passar o feriado da Semana Santa, o pacote para duas pessoas em uma pousada com café da manhã, de sexta a domingo, está entre 500 e 600 reais. Ficar em dos campings locais durante o mesmo tempo (sem café da manhã) sai de 60 a 100 reais. E em baixa temporada é ainda menos.
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Nos campings você encontra banheiros com água quente, fraldário, espaço para lavar roupas e louças, estacionamento para carros, lanchonetes, restaurantes, quadras, piscinas e por aí vai. Depende muito de um para outro, mas é mais ou menos por aí.

Também existem os acampamentos em grupo. Muitos são educacionais e organizados pelas escolas. A ideia é que as crianças passem um tempo com a natureza. Aí rolam todas aquelas coisas típicas de filmes norte-americanos (aonde a prática é mais comum): marshmallows na fogueiras, histórias de terror a noite, gincanas e guerrinhas de travesseiro - ou comida.

(É ou não é como nos "Istaites"? Foto tirada desse link)

No site acampar.net há um checklist aonde você pode ver se está levando tudo que precisa. Lembre-se sempre de adequar sua lista de "coisas que não posso esquecer" para sua viagem.

Bem, como disse, na próxima quinta-feira vou viajar para a Serra do Cipó, então é provável que o próximo post só venha depois do feriado. Até lá, bom descanso para todos e bom acampamento para quem já se convenceu!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Lindo como um cartão postal

Escutei uma vez, em um programa de TV, a seguinte afirmação: a Costa Rica é linda como um cartão postal. Ok, não duvido. Mas o quê exatamente significa isso? O que é ser bonito como um cartão postal? O que está fora de uma imagem típica de cartão postal é feio? Porque?

(Foto tirada desse link)

A foto que estampa um cartão postal é o olho, o ângulo de alguém sobre alguma coisa, seja ela uma paisagem, uma pessoa, um animal ou uma construção. Historicamente falando, o seu objetivo nem era o de representar belas imagens. O primeiro cartão postal da história foi emitido no século XIX, apesar de ninguém saber ao certo sua origem e foi criado para facilitar o envio de cartas, pois não precisa de envelope, já que o destinatário e o remetente se identificam no próprio papel. Com isso, ele acabou também barateando o custo das cartas, pois ficava mais leve.

Voltando a questão, quando alguém diz que um lugar parece como uma imagem de cartão postal fantasiamos um paraíso. Imaginamos um local perfeito, eternamente claro, com plantas bem verdinhas, flores coloridas, prédios arquitetonicamente lindos, praia azul e pessoas que, possivelmente, não têm necessidades fisiológicas. Mas é tudo uma questão de ângulo. Às vezes até um armário desarrumado, dependendo do ângulo, é digno de revista de decoração.

O que eu quero dizer com isso? Não se iluda. Em qualquer lugar tem coisas bonitas. Em qualquer esquina há beleza pura. As pessoas se deixam levar por belas imagens e viajam buscando fotos de cartão postal. A mesma luz, as mesmas cores, a mesma paz. Mas isso pode não acontecer por 'n' motivos. O fotógrafo pode ter tirado a foto de um local onde ninguém tem acesso. O tempo pode estar ruim ou o local em reforma. E, às vezes, você descobre que aquilo não era mesmo grande coisa.

É triste perceber que você escolheu o Rio de Janeiro para passear e o Cristo está rodeado de andaimes? Sem dúvida. O mesmo acontece quando a ideia é passar a lua de mel no Tahiti mas chove o tempo todo. De toda forma, certas paisagens ficam diferentes (quem sabe mais bonitas?) em situações adversas. Em um outro programa de TV, o repórter entrou em êxtase quando chegar ao rochedo Uluru, na Austrália, e começar a chover. O que ele via era diferente de todas imagens que já tinha visto, mas igualmente belo.

domingo, 21 de março de 2010

Turismo Subaquático

Navios piratas, mapas do tesouro, jóias preciosas... quantos de nós já não sonharam em participar de uma caça ao tesouro no mar? Tesouro talvez você não encontre, mas a parte de explorar o mar é fácil. O turismo subaquático aumentou e tem buscado um novo nicho de mercado com os navios naufragados pela costa brasileira, que somam 2 mil embarcações. Segundo o Sistema de Informações de Naufrágios, o número pode ser três vezes maior.

(Em Fernando de Noronha (PE) está o naufrágio mais antigo do Brasil: a nau Gonçalo Coelho, de 1503. Foto tirada desse link)

Os barcos são de diversas nacionalidades e afundaram, em sua maioria, entre os séculos XIX e XX. Os passeios mais procurados são para visitar aqueles que se encontram em melhor estado de conservação. Um bom exemplo é o cargueiro italiano Rosalinda, que afundou no ano de 1955 em Abrolhos (BA). Além da carcaça bem conservada, o cargueiro traz muitos objetos originais. O problema é que alguns turistas querem sair do passeio com "lembranças" e acabam roubando algumas peças.

Mergulhar em navios é uma boa pedida não só para quem quer ver a estrutura da embarcação, mas também para os amantes da natureza, ja que os navios viram verdadeiros recifes artificias. Isso porque é muito mais fácil para as esponjas e corais se fixarem em uma pedra - ou uma parede de navio - do que na areia. E os corais, plantas e microorganismos atraem animais cada vez maiores.


Em uma experiência realizada em Guarapari (ES), em 2003, os pesquisadores afundaram um cargueiro grego abandonado. Em um ano o local já tinha se transformado em um mini ecossistema, cheio de peixes e outros animais.

(Mergulho em Guarapari. Foto tirada desse link)

Para quem já se empolgou, é bom colocar os pés (de pato) no chão. Visitar navios submersos exige um curso específico de naufrágio e equipamentos apropriados. A maior parte dos mergulhadores iniciantes procura o curso pela vontade de conhecer  de perto navios piratas, históricos ou de guerra. Alguns deles, porém, gostam tanto que fazem da curiosidade um estilo de vida.

Melhores pontos de mergulho

Em uma ótima matéria sobre o tema, a revista SuperInteressante indicou os oito melhores pontos de mergulho em naufrágio no litoral brasileiro. Aqui, selecionei os três que achei mais legais:

- Pinguino, Enseada do Sítio Forte, em Angra dos Reis (RJ): A embarcação, proveniente do Panamá, afundou em 1967 depois de um incêndio que começou na Casa de Máquinas. É o naufrágio mais procurado para mergulho devido à facilidade de acesso e à boa conservação do navio.

(Para se ter uma ideia da natureza que cerca um navio naufragado. Foto tirada desse link)

- Itapagé, Lagoa Azeda, perto de Maceió (AL): A embarcação brasileira afundou rapidamente em 1943 após ser atingida por torpedos de um submarino alemão durante a II Grande Guerra. 27 pessoas morreram. A visita tem grande valor histórico.

- Cavo Artemidi, Baía de Todos os Santos, Salvador (BA): É o maior naufrágio no litoral brasileiro. O navio, de 180 metros de comprimento, afundou em 1980 com mais de 16 mil toneladas de ferro-gusa. A natureza no local é rica.

*Matéria publicada originalmente no site FUNtástico, nesse link.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Bebendo a valer

Um dia inteirinho para tomar cerveja sem culpa. Imaginou? Pois esse dia existe de verdade: hoje, 17 de março. Essa é a data da maior e mais tradicional festa irlandesa, a Saint Patricks's Day. Nesse dia, todos se vestem de verde e bebem cerveja para celebrar o feriado de São Patrício, padroeiro do país.

Sabe-se muito pouco sobre a história de Patrick. Nascido no século V, ele foi sequestrado aos 16 anos por irlandeses, que o fizeram de escravo. Alguns anos depois, em um sonho, ele recebeu um chamado divino: Deus o pediu para fugir do cativeiro e retornar à Grã-Bretanha, seu país de origem. Assim que voltou, Patrick começou a estudar para ser padre. Em 432, ele recebeu um novo chamado para voltar a Irlanda e levar a religião cristã àquele povo. Assim o fez até sua morte, em 17 de março de 461.

(Ilustração de São Patrício. Foto tirada desse link)

Os irlandeses começaram a fazer uma festa em sua homenagem a partir do século IX, mas só no início do século XVI é que a festa foi incluída no calendário universal da Igreja Católica (A mim, o mais engraçado é pensar como esse feriado católico, que cai bem no meio da quaresma, pode ser comemorado com tanta cerveja!).

Desde então, a festa acontece em diversos países ao redor do mundo. Os símbolos desse dia são o trevo e a cor verde, exatamente os símbolos da Irlanda. Segunda o folclore irlandês, Patrick usava essa planta para explicar a doutrina da Trindade aos nativos.

A maior comemoração, obviamente, é na Irlanda. Em 1903 o dia se tornou feriado nacional e a partir de 1990 o governo começou a usar a data como uma forma de apresentar o país e sua cultura para as outras nações.

(Mulheres fantasiadas no Festival da Irlanda. Quanto mais "no clima" melhor. Foto tirada desse link)
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Lá, todo ano acontece o Saint Patrick's Festival (ou Festival de São Patrício), com muita música folclórica, filmes, espetáculos e fantasias. Esse ano, o Festival aconteceu entre os dias 12 e 17 de março. No último dia acontece a Parada: as pessoas se fantasiam de verde da cabeça aos pés e saem desfilando pelas ruas de Dublin, capital da Irlanda.

Onde mais?

Há países que tem uma relação tão forte com a Irlanda que começaram a celebrar a data em grande estilo antes mesmo dos irlandeses. O principal nome da lista é os Estados Unidos, mais especificamente a cidade de Boston. Lá ocorreu a primeira Saint Patrick's Day Parade do mundo, em 18 de março de 1737. A Parada foi realizada por trabalhadores imigrantes da Irlanda que não estavam satisfeitos com sua baixa aceitação social no país e, consequentemente, com as dificuldades de conseguir emprego.

(Em Boston, a maior e mais tradicional Saint Patrick's Day Parade. Foto tirada desse link)

Desde então várias outras cidades começaram a promover paradas semelhantes, com a ajuda de mais e mais pessoas. Em 1848 o evento ganhou tanta amplitude que se tornou não só o maior desfile do país como também um dos maiores do mundo (maior, inclusive, que o da própria Irlanda). Mais de 20 cidades nos EUA organizam uma parada no dia 17 de março.

Na cidade de Montreal, no Canadá, também há uma Parada para comemorar o Saint Patrick's Day. Lá, o evento acontece desde 1824 sem interrupções. Em Oslo, na Noruega, há um desfile com mais de mil pessoas fantasiadas. O mais original ganha um fim de semana para dois em Dublin. Na Itália são 10 dias de festa, com muita música, comida e bebidas irlandesas.

(No Canadá, as cores das luzes externas do Calgary Tower deixaram de ser brancas e se tornaram verdes no ano passado. A cor faz parte do Project Porchlight, que visa reduzir o consumo de energia. Bela coincidência não? Foto tirada desse link)

Na Argentina a festa dura a noite inteirinha e só termina lá pras 7h ou 8h da manhã. Mesmo sem a tradição de ficar zuando quem não está de verde, muitas pessoas se vestem com a cor. A festa acontece na rua da Reconquista, no centro de Buenos Aires, aonde há uma série de pubs irlandeses.

Outro lugar fortemente influenciado pela Irlanda foi a Nova Zelândia, que recebeu uma série de imigrantes a partir de 1800. A festa de Saint Patrick é extensamente comemorada, com pessoas vestindo verde e bebendo na rua até altas horas da manhã. No país, o dia serve para celebrar as relações entre os dois países e seus habitantes.
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A pequena ilha caribenha de Montserrat é o único lugar aonde o 17 de março é um feriado nacional, com exceção da Irlanda e da província canadense Newfoundland e Labrador. O local foi fundado por refugiados irlandeses e foi bastante influenciado pela cultura do país.
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Porque o brasileiro gosta mesmo de uma festa

Qual é a ligação do Brasil com a Irlanda? Nenhuma, que eu saiba. Mas como brasileiro é piolho de festa (e falo isso em um tom super positivo, pois acho ótimo) o país não poderia ficar de fora.

Aqui não há Paradas ou Festivais. Muitas pessoas nem sabem que o Saint Patrick's Day existe, mas alguns estabelecimentos sabem aproveitar a data. A festa mais tradicional é organizada pela comunidade irlandesa em São Paulo. Todos vão para o restaurante The Bridge, no bairro Pinheiros. No cardápio, guisado irlandês tradicional regado a muita Guinnes e uísque irlândes. Há também uma série de bares que promovem eventos, baseados sempre na excelência (e abundância) de cerveja.
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(Comemoração no bar Frei Tuck, em Belo Horizonte, no dia 15 de março. A cervejaria fechou uma rua e montou barracas que ofereciam "n" variedades de cerveja. Foto tirada desse link)

Outras cidades também comemoram a data. Alguns lugares resolveram comemorar no domingo passado, outras vão celebrar o evento nesse próximo sábado ou domingo. É só procurar e aproveitar.

domingo, 14 de março de 2010

Mendoza em 11 tweets

Pegando carona na matéria sobre Buenos Aires, que tal conhecer outra cidade argentina? A escolhida da vez foi Mendoza. Destruída completamente por um terremoto no ano de 1860, Mendoza foi reconstruída perto de onde estava originalmente. Mais chilena do que argentina, se formos levar em conta somente a distância, a cidade é famosa por seus vinhos. Também, são mais de mil bodegas que respondem por 70 % da produção nacional. A cidade também está cheia de museus e algumas estações de esqui, mas os vinhos e vinhedos são a atração local.

(Uma amiga minha disse certa vez que é possível se embebedar experimentando uma taça de vinho a cada bodega que se visita na cidade. Foto tirada desse link)

No início desse ano, encontrei um texto legal no blog Boa Vida, da jornalista e crítica gastronômica Alexandra Forbes. Ela resumiu sua viagem de 48 horas por Mendoza em 11 tweets. O legal é a franqueza do relato: seja bom ou seja ruim, ela fala mesmo.

1. Aeroportozinho xumbrega de Mendoza faz o de Porto Seguro parecer Heathrow. Tô exagerando, sim, mas... eita cidadezinha miúda!

2. Funcionário da Avis diz, ao entregar a chave do meu carro alugado: "aqui polícia não multa por excesso de velocidade, nem se preocupe. Eles só param quem esquece de acender os faróis". Amei.

(Caracoles de Villavicencio, estrada tortuosa de Mendoza. Foto tirada desse link)

3. Hospedada no Park Hyatt de Mendoza: linda fachada histórica, interior genérico, porém moderno e agradável. Meu quarto tem vista para os Andes.

4. Jantar na churrascaria Park Hyatt, cuja carne na parilla é 5 vezes melhor do que as que provei em Punta, porém custa 5 vezes menos!

5. Almoço - degustação de pratos harmonizados com vinhos - na bodega Ruca Malén, onde trabalha a Bea, minha prima.

6. Visitando bodegas: Vistalba, Catena Zapata, Escorihuela Gascon e a Salentein no mais distante Valle de Uco.

(Bodega de Vistalba, com os picos nevados dos Andes ao fundo. Foto tirada desse link)

7. Acho que somos as únicas dirigindo sozinhas de uma bodega a outra. Placas de sinalização são uma raridade, difícil não se perder. Por isso os turistas vão em tours guiados, em vans.

8. Catena Zapata pode ser a mais famosa e respeitada vinícola de Mendoza, mas pra quê aquela bodega feia imitando uma pirâmide maia? Eca. http://bit.ly/9FAMmJ

9. Uma noite na região das vinícolas, ao sul de Mendoza. Hospedadas no the Relais & Chateaux Cavas Wine Lodge.

10. Aerolines Argetinas = uma porcaria. Aviões velhos com poltronas literalmente caindo aos pedaços, péssimo serviço. Uma vergonha!

11. Minhas 48 horas na Argentina deixaram bem claro: o país ta bem mais pobre, enqaunto o Brasil parece cada vez mais rico em comparação.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Buenos Aires no blog da Persona Turismo

Hoje é dia de novidade: vocês conhecem a Persona Turismo? É uma agência de viagens que trabalha a partir do conceito de turismo personalizado e busca os melhores produtos para seus clientes. Em fevereiro desse ano, assumi o conteúdo do blog da Persona e resolvi contar aqui. Agora, quem quiser ler ainda mais sobre turismo, cidades, depoimentos e roteiros de viagem pode entrar lá.

No post de estreia, um relato sobre Buenos Aires. Afinal, a capital da Argentina é uma cidade para ser visitada. Seja pelas suas casas em estilo europeu, por seus importantes eventos culturais, por suas mil e uma praças, por seu clima ao mesmo tempo melancólico e moderno, por sua gastronomia diferenciada. Você vai perceber que a diversidade de elementos (e entretenimentos) é tão grande que fica fácil agradar os mais diferentes gostos. E olha que atualmente ela está mais agradável ainda: com a baixa do peso argentino, o real vale o dobro. Agora, só não vai pra lá quem não quer! Para ler, clique nesse link.

Abaixo, algumas fotos para você saber o que esperar da terra dos "hermanos":

(A famosa Casa Rosada, sede do governo federal)













(O bairro La Boca é conhecido por suas casas e lojas coloridas. A cada esquina há um show de tango, que encanta os turistas. Mas o bairro também tem seu lado sujo...)


(Obelisco no centro da Av. 9 de Julho. Um dos cartões-postais mais famosos da cidade)



(Abasto é o bairro onde viveu Carlos Gardel, um dos maiores compositores de tango da história. As paredes de algumas casas locais são pintadas em sua homenagem, com letras de música, flores, nomes e imagens do seu rosto)


(Flor de Prata: as pétalas, que ficam abertas durante o dia, vão se fechando ao anoitecer)

domingo, 7 de março de 2010

Para não perder tempo na capital paranaense

Entre os mil e um lugares que Curitiba elegeu como ponto turístico da cidade, alguns valem realmente a pena, como a Ópera de Arame, o Museu Oscar Niemeyer e o Jardim Botânico, que descrevi no último post. Outros podem ser deixados de lado, principalmente se você tiver poucos dias para ficar na cidade. Mas alguns, mesmo menos conhecidos, devem ser visitados. Aqui vou descrever alguns dos lugares mais legais para passear. E como uma cidade não é feita só de ruas, praças e prédios, algumas dicas culinárias e locais!

O Bosque Alemão faz sucesso, principalmente entre as crianças. Foi inaugurado em 1996 em homenagem à cultura alemã e sua contribuição para a cidade. O local guarda o Oratório Bach, que é um salão para concertos musicais, a Torre dos Filósofos, um mirante que dá uma visão panorâmica da cidade, e a Praça da Cultura Germânica, onde é possível ver a riqueza da cultura estrangeira.

(Praça da Cultura Germânica. Foto tirada desse link)

Para os pequenos, as atrações começam na trilha de João e Maria, que reproduz a história de mesmo nome escrita pelos irmãos Grimm. A trilha que cruza o bosque traz trechos do conto escritos em azulejos. Ao final da trilha, há a Casa da Bruxa, que guarda uma biblioteca infantil. Diariamente, as crianças podem entrar na casa participar da Hora do Conto.

(A direita, imagem do "chapéu" com azulejo que conta parte da história de João e Maria. Foto tirada desse link)
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Outro passeio interessante é a Unilivre, a Universidade Livre do Meio Ambiente. A arquitetura do prédio interage perfeitamente com o meio ambiente. O mais legal é passear por lá e imaginar como são as aulas dos estudantes, seja dentro seja fora da sala. E quer saber? Devem ser bem divertidas e, obviamente, educativas. A Universidade é completamente acessível aos cadeirantes e é um dos 30 melhores projetos arquitetônicos do Brasil. A inauguração aconteceu em 5 de junho de 1992 e contou com a presença do oceanógrafo francês Jacques Cousteau, que ficou encantado com a ideia.

(Prédio da Unilivre com sua passarela, que dá acesso a todos os andares. Foto tirada desse link)
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No quesito parques, fique entre o Tanguá e o Barigüi (que ainda não aderiu à reforma ortográfica e continua com trema - nomes próprios podem tudo). O primeiro é mais turístico e muito bonito. Além do prédio, possui ciclovia, lanchonete, mirante, dois lagos e uma cachoeira atificial. O segundo é mais tradicional e foi adotado pelos curitibanos como ponto de caminhadas, pedaladas e pique-niques, principalmente nos finais de semana. É imenso, com 1,4 milhões de metros quadrados. Possui equipamentos de ginástica, churrasqueira, poliesportivo, pedalinhos, além de museus, parque de diversão e pista de aeromodelismo.
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No fim do dia visite a Rua das Flores. Extensa e colorida, ela é a principal rua da cidade e ponto de encontro, lazer e compras dos curitibanos. Foi o primeiro calçadão país ao tornar-se exclusiva para pedestres em 1971. O local é palco de artistas de rua que já se tornaram amigos dos habitantes da cidade. Entre eles está o Palhaço Sombra, que sai imitando as pessoas e pregando peças. Alguns transeuntes chegam a desviar dele para não cair em suas palhaçadas. Passeie por lá e depois pare para tomar um café em uma das lanchonetes.

(Foto tirada desse link)

Mas reserve o estômago para o bairro de Santa Felicidade. Antiga colônia formada por imigrantes italianos, o local é hoje o ponto alto da gastronomia em Curitiba. É lá que está o maior restaurante da América Latina: o Madalosso, com capacidade para receber mais de 4.500 pessoas aos sabores da comida italiana. É no bairro (e também em outros pontos da cidade) que você encontra rodízios de carne ou pizza a míseros 10 reais por pessoa.
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(Ao lado, portal que marca a entrada para o bairro Santa Felicidade. Foto tirada desse link)

E por falar em comida, que tal experimentar o bolo de rolo? O quitute parece com um rocambole, só que tem a massa bem fininha, o que faz com que ele seja enrolada umas 15 vezes até chegar a largura de um bolo comum. O doce surgiu no Brasil Colônia, lá em Pernambuco, e ganhou o paladar dos curitibanos - que se inspiraram com a receita, mas não com o preço. Por lá, um fino pedaço ultrapassa os 4 reais.

(O típico bolo de rolo tem recheio de goiabada, mas hoje ele é encontrado em mil variações. Foto tirada desse link)
Ir e vir

Como sempre recomendo, uma das melhores formas de conhecer uma cidade é os costumes locais é entender um pouco da vida dos seus habitantes e, para isso, andar de ônibus é sempre interessante. Principalmente se estamos falando do eficiente transporte urbano de Curitiba, que inspirou o sistema de transporte de cidades internacionais como Bogotá, Santiago, Los Angeles e Cidade do México.

(Ônibus articulado esperando passageiros em no Tubo. Foto tirada desse link)

Claro que, como todo transporte público e urbano, deve existir vários problemas que não são ditos aos turistas. Com uma pesquisa mais aprofundada no google você vai ver fotos de ônibus cheios, pessoas espremidas e promessas de governadores sobre a implantação de uma linha de metrô na cidade. De toda forma, o famoso "Sistema Expresso" prima pelas ruas exclusivas para ônibus. Assim, eles só param para embarque e desembarque, que se dá através das Estações Tubos. Em cada estação há um funcionário que recebe a passagem antecipadamente, para facilitar a viagem do cliente. Os ônibus costumam ser articulados, permitindo o embarque de um maior número de pessoas.
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Aproveite o ônibus para ver lindas paisagens pela cidade, principalmente residenciais. Sabe aqueles bairros com casas simples, mas bonitas, muitas árvores e cercas redondas que dão vontade de morar? Pois então, lá você vai ver um monte dessas. Indo para o Jardim Botânico ou para o Portal Italiano vi casas de fazer inveja.

Go shopping

Nada de lojas chiques por aqui. Como adoro uma boa feira de rua, a dica de hoje é a Feira de Atesanato do Largo. Além do comum, como roupas, porta retratos e bijouterias, há pessoas vedendo coisas fora do comum, como livros nacionais e internacionais a preço de banana (Um exmeplar do Tin Tin em italiano estava 18 reais, para se ter ideia).
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(Foto tirada desse link)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Preliminares em Curitiba

Uma cidade que soube aliar modernidade com qualidade de vida. Essa é fama de Curitiba, capital do estado do Paraná. Vira e mexe ela aparece em listas de "as melhores cidades brasileiras para se morar", ocupando sempre os primeiros lugares. A capital tem o menor índice de analfabetismo do país e bons projetos governamentais, além de reduzir ano a ano a mortalidade infantil, o índice de violência, a taxa de desemprego, entre outros.

(A Praça Tiradentes é o marco zero da cidade. Movimentada, é passagem obrigatória de turistas e trabalhadores. Passar um tempinho por lá ajuda a entender a rotina do curitibano)

O turismo também não deixa a desejar. Na verdade, a cidade tinha tudo para ser uma capital comum, algumas atrações e muita atividade comercial, mas o governo soube administrar (ou seria transformar?) muito bem essa questão: Curitiba é cheia de espaços para visitação. Tantos que, às vezes, parece que estão forçando a barra. Todo e qualquer bosque ou praça vira ponto turístico. Sem entrar em questões mais profundas, para mim, um ponto turístico é um local que traz algo de diferente, seja na arquitetura, na paisagem, na história, etc (um dia escrevo mais sobre isso). E nem todos os lugares têm essas características.
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De toda forma, são vários os locais para passear e aproveitar. Um passeio que fiz esse ano pela cidade e recomendo - principalmente para quem ainda não a conhece direito - é um city tour oferecido pela empresa Linha Turismo, uma linha especial de ônibus que dá a volta na cidade passando por 25 pontos turísticos. É possível embarcar em vários trechos da cidade. A taxa de 20 reais por pessoa dá direito ao embarque e mais 4 reembarques. O "ingresso" pode ser adquirido no próprio ônibus. Durante o trajeto, há um áudio-guia que dá informações em português, espanhol e inglês sobre a cidade e seus atrativos.
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Roteiro típico
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Nossa primeira parada foi no Museu Oscar Niemeyer, o MON. Assim como todo projeto desses grande nome da arquitetura internacional (que, aos 102 anos ainda trabalha, fuma e torce pelo comunismo), o museu apresenta traços sinuosos em toda sua estrutura. Construído em 2002, é o maior museu do Brasil. Abriga exposições permanentes, como o espaço Oscar Niemeyer, e outras itinerantes.

(O Olho do MON e suas pontes que atravessam o lago e levam até a entrada do Museu)

A visita ao local pode demorar a manhã inteira. Na hora da fome, nem pense em procurar um restaurante fora dali: vá até o MON Café. Ao contrário do que acontece na maioria dos museus, eles não abusam da boa vontade do turista e têm preços bons. Além disso, o local é agradavel e os pratos são bons e bem servidos. O atendimento é meio fraquinho, mas a espera vale a pena.
Depois fomos ao Teatro Ópera de Arame. O local, construído em 1992, foi feito com estruturas metálicas e de aço e coberto com placas de policarbonato. Como ele foi osntruído sobre um lago, é preciso atravessar uma ponte vazada para chegar até lá. Parece que vai quebrar, mas é muito resistente.
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O teatro tem capacidade para aproximadamente 2.000 pessoas e já recebeu celebridades como Enrique Iglesias, Roberto Carlos, Tom Jobim, AC/DC, Pearl Jam e Paul McCartney. Para ver quem passou por lá é só ir na Rocha da Fama, uma parede de pedra no último andar do Teatro com placas de metal com o nome de artistas e figuras da política.
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(A Ópera de Arame em um momento de muitos turistas. Demorou um pouco para tirar uma foto sem nenhum desavisado passando na frente)

Na verdade, a maioria desses shows aconteceu logo ali ao lado, na Pedreira Paulo Leminsk, um espaço de shows ao ar livre. A visita à Pedreira não tem lá muita graça. Vale para quem quiser ficar "imaginando" como foram esses grandes espetáculos que, talvez, não voltaram: em 2008 o Ministério Público impediu a relaização de shows no local devido a reclamação dos moradores.

Zarpamos dali direto para o Jardim Botânico, cartão-postal número 1 da cidade. Parece um jardim europeu com seu palácio de cristal ao fundo. As plantas estão sempre muito bem cuidadas pela prefeitura da cidade. A estufa é muito bonito e sua estrutura lembra a Ópera de Arame. A parte chata é ficar desviando das centenas de turistas que vão lá todos os dias. Em alta temporada não há um dia sequer que o local fica vazio, tornando impossível a tarefa de bater uma foto só com o jardim e você.

(Na foto ao lado, uma visão de quem chega pelos arcos recobertos de plantas)
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Atrás da estufa há o Espaço Cultural Frans Krajcberg, com uma exposição permanente do artista polonês. Suas obras são inspiradas na natureza e retratam sua indignação pela forma com que o homem vem destruindo os recursos naturais do globo.

Para completar o dia, descemos no Passeio Público, o primeiro parque público e primeiro zoológico de Curitiba. A impressão, para uma belohorizontina como eu, era a de estar entrando no Parque Municipal. Admito que foi uma má escolha. O local é mal cuidado e escuro por causa das plantas que cresceram demais, o que o torna perigoso. Antes o local até abrigava animais de grande porte, mas agora só restam os de pequeno porte.

Como estava ali do lado, fomos ao Memorial Árabe, uma construção em forma de cubo inspirada na arquitetura mourisca. Do lado de fora há azulejos com inscrições em árabe com mensagens religiosas. Lá dentro há um café, uma biblioteca com cerca de 10 mil volumes e uma pinacoteca.
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(Memorial Árabe, sobre um lago. Ô cidade que gosta de um laguinho embaixo de tudo que é construção!)
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1 é pouco, 4 é ideal

Como já disse, há uma série de lugares legais para visitar em Curitiba. Alguns deles entram no roteiro tradicional, outros não, mas valem a pena. A conclusão é simples: se você quer aproveitar a cidade com calma passe no mínimo quatro dias na capital. Menos que isso você vai se sentir angustiado, com vontade de visitar mais lugares do que pode. No próximo post vou colocar alguns dos locais que considero mais interessantes e trazer algumas dicas sobre a cidade!